Diversidade: Vivendo o que se aprende, aprendendo o que se vive

A imagem mostra a palavra "family" escrita em uma fonte cursiva elegante, com uma linha contínua que se estende da última letra e termina em um pequeno coração preto. Essa composição simboliza a conexão e o amor que unem uma família, transmitindo simplicidade, afeto e união.

1 de setembro de 2020

Estou vivendo essa quarentena ao lado da minha família (bem estilo propaganda de margarina): Pessoas brancas, casal hétero, cristãos protestantes, com uma dupla de crianças: Uma menina de 10 anos e um menino de 3 anos.

Essa quarentena tem algo de muito legal…. A gente está tendo a oportunidade de participar mais de perto do trabalho e dos estudos umas dos outros, já que estamos vivendo e convivendo nos mesmos ambientes.

Minha família nunca me ouviu falar tanto de diversidade e inclusão. E isso acontece por 2 motivos:

  • Eu nunca falei tanto (e nem entendia tanto do assunto);
  • Eu nunca havia trabalhado em um lugar em que esse tema fosse levado tão a sério.

Enfim, desde o início da quarentena não passo nenhum dia sequer sem falar sobre racismo, sobre a questão das mulheres, da comunidade LGBTIQA+, do preconceito contra as pessoas com deficiência, gordofobia, diversidade cognitiva, etc o dia todo! Minhas crianças e meu marido ouvem os treinamentos que eu facilito (Seja Uma Pessoa Aliada), as conversas de sensibilização racial que eu facilito em alguns times internos e as reuniões que tenho, além das apresentações e conteúdos que eu crio ou que contribuo com outras pessoas. As únicas conversas que minha família não ouve são as confidenciais, pois para essas nós temos um combinado de que manterei a porta da cozinha (local onde trabalho) fechada.

O fato é que propositadamente ou não, #diversidadeeinclusão entrou com tudo não apenas no meu coração, na minha rotina, nas minhas conversas e no meu rol de assuntos urgentes, como entrou na pauta de toda a minha família – o que já era esperado, pois não sei viver de um jeito diferente do que eu creio e propago por aí.

Paralelamente ao meu trabalho, dedico algumas horas da minha semana conversando com a minha filha de 10 anos sobre o que é racismo e o quanto precisamos ser antirracistas. Explico também sobre misoginia, sobre as diferentes formas de amor, sobre homofobia, transfobia e sobre o preconceito contra pessoas com deficiência, entre tantas outras formas de exclusão. Também falo sobre Cristianismo, sobre Jesus e sobre o amor. Converso com ela sobre o quanto que o Cristianismo, Jesus, Amor e Diversidade e Inclusão são assuntos que entendo ser correlacionados e que, há muitas coisas nas vidas das pessoas que não entenderemos, mas que não precisamos entender, só precisamos amá-las com toda a complexidade e singularidade que elas trazem consigo.

Enfim, esse é o meu dia-a-dia e hoje algo muito significativo aconteceu e é sobre isso que na verdade quero falar (não que eu não quisesse falar tudo o que já falei acima, risos).

Estávamos jantando há pouco e falando sobre essa nova fase da vida da minha filha. Ela completará 10 anos no final de outubro. E, com seus 10 anos, uma nova fase se inicia em sua vida: A fase da puberdade, da despedida da infância, dos novos interesses, dos questionamentos e das questões profundas da descoberta do “quem sou eu”.

Daí meu marido, o Eduardo Roberto Rodrigues, cristão protestante desde que nasceu, que nunca teve em sua família ninguém que trouxesse nenhuma diversidade além de gênero (homem e mulher cis), um cara incrível, mas que nunca tinha se aprofundado no tema de D&I a não ser a partir do que ele ouve de mim, me solta essa pérola para a minha filha:

Você vai completar 10 anos daqui a 1 mês. Você está amadurecendo, crescendo e se desenvolvendo e logo começará a gostar de alguém. Não sei se você gostará do João, do Felipe ou da Maria (nomes fictícios), mas sei que em algum momento gostará de alguém.

Minha filha imediatamente respondeu: Da Maria, pai?

E ele replicou: Sim, filha, da Maria. Quem sabe? Eu não sei e você ainda é talvez seja muito nova para saber. Só o tempo dirá.

Bem. É isso. Hoje durmo agradecida a Deus pela família que eu tenho e pelo marido incrível que entendeu, só de me ouvir “de rabo de ouvido” o que muitos insistem em não entender mesmo tendo estudado em universidades de primeira linha e tendo acesso a pesquisas, relatórios, livros, vídeos e afins. Também sou muito agradecida pelo privilégio de trabalhar em uma empresa como o Facebook, que me proporciona a oportunidade de trabalhar de casa e, com isso, conseguir impactar positivamente a vida das minhas crianças e do meu marido, até quando eu estou “só” trabalhando.

E você? Como o seu trabalho, suas crenças e seus aprendizados têm impactado positivamente na vida da sua família e da sociedade?

Mirele de Araujo Santos (pronomes: ela/dela)

(Pessoa Apaixonada, ativista e eterna aprendiz do tema de Diversidade e Inclusão)

P.S.: Texto escrito propositadamente com a neutralização de gênero, porque neutralizar o gênero masculino na comunicação também é diversidade. O que é isso?

P.S.2: Texto escrito originalmente em 01/set/2020, no linkedin. Link abaixo:
https://www.linkedin.com/pulse/diversidade-vivendo-o-que-se-aprende-aprendendo-vive/?trackingId=b702AgzrSmqnPjsweBxChg%3D%3D

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