Meu testemunho e compromissos anti-racistas e anti-preconceitos e de incentivo à diversidade e inclusão

Esta imagem apresenta uma ilustração em formato do mapa do Brasil, composta por diversas faces de pessoas, representando uma variedade de tons de pele, estilos de cabelo e traços faciais. A composição destaca a diversidade e pluralidade do povo brasileiro, simbolizando a riqueza cultural e étnica do país. Cada rosto parece estar olhando para diferentes direções, sugerindo uma conexão e convivência entre diferentes origens e histórias que formam o Brasil.

28 de julho de 2020

Oi como você está? Faz tempo que não escrevo aqui, né? Então, hoje eu resolvi escrever, então faz o seguinte: Pega um café, um chá, uma breja, um vinho ou sei lá o que você preferir e senta que lá vem textão, mas é um textão daqueles!

Tem uma pessoa aqui no Linked In que não conheço pessoalmente, mas que tem me inspirado por sua coragem, lucidez e sinceridade. Essa pessoa é o Renato Camargo. O Renato poderia usar sua rede para qualquer coisa, afinal, ele “chegou lá”. Ele é Country Manager & CMO da #RecargaPay, mas ele preferiu ocupar o seu tempo e sua página, para do alto de seus #privilégios, dar voz a um assunto urgente, imprescindível, complexo e desconfortável: A falta de #representatividade nas empresas, o #racismoestrutural, e todas as formas de #preconceito que existem e que violentam a existência de tantos seres humanos iguais a quaisquer um de nós.

Semana passada ele fez uma provocação: Disse que todo dia 20, até novembro, Dia da #ConsciênciaNegra, ele fará um post com a mesma pergunta:  “O que você tem feito contra o #racismo, para que a data não seja somente barulho de rede social?”.

Aceitei o desafio, e compartilho abaixo meu #testemunho e meus #compromissos para combater o racismo e toda forma de preconceito, bem como para exercitar a diversidade e inclusão aonde eu estiver.

Sempre acreditei na #meritocracia. Por não entender sua importânica e valor, mas sim enxergá-la como um protecionismo, fui contra a política de #cotasraciais até quase 2 anos atrás, mas sempre fui a favor da cota para #PessoasComDeficiência. Minha lembrança é de sempre ter sido sensível ao outro, às suas dificuldades, mas nunca entendi que o racismo era um problema criado para me privilegiar, enquanto pessoa branca de classe média alta. Nunca entendi que a vida que eu vivia só era possível às custas da #opressão imposta às pessoas negras. Para mim, racismo era uma luta dos negros que eu tinha que apoiar (afinal, sou civilizada, humana e cristã).

Não me lembro de ter contado piadas racistas e homofóbicas, mas certamente já contei muitas piadas sobre mulheres loiras, sobre baianos, mineiros, nordestinos, portugueses, brasileiros e tantos outros #estereótipos. E, com certeza, lembro-me de infinitas vezes estar em rodas de conversas e essas piadas começarem a circular e eu não me opor.

Faz pouco tempo que cheguei à conclusão de que o racismo é igual a uma cebola: Feito de camadas. Então, considero-me ainda racista e preconceituosa, porém em camadas mto mais profundas do que já fui. De fato, o letramento racial e sobre diversidade e inclusão como um todo, em minha vida e família ficou mais intenso há 16 meses, quando entrei no Facebook.

Hoje, eu entendo que o racismo (assim como todo o preconceito contra pessoas que não se encaixam no perfil homem-branco-hétero) é um problema meu. Entendo que não fui eu quem o gerou, mas que está impregnado na sociedade que privilegia a mim e à minha família. Hoje eu entendo que os negros são o alvo do racismo e eu, se nada faço para combatê-lo, sou tão racista com a minha omissão quanto os que proferem ofensas ou adotam práticas racistas e criminosas.

Até 17 meses atrás eu não via #racismo em quase em nenhum lugar. Hoje, eu vejo racismo em quase TODOS os lugares, assim como consigo perceber o #machismo, a #misoginia, a #homofobia, a #gordofobia, a #exclusão das #PCDs e de todas as outras minorias etc.

O que me fez mudar tanto nesses últimos meses? O #Facebook… A cultura dessa empresa (que encanta e amedronta) foi um divisor de águas em minha vida. As #PolíticasDeInclusão que possuímos aqui, e que está sempre em revisão, me fez ‘bugar’ até que eu entendi que a construção de uma #SociedadeInclusiva também passa pela forma como nos comunicamos. Aprendi aqui, portanto, que era fundamental eu rever a forma como eu me comunicava, para que minha fala, expressões e palavras não ferissem as pessoas que não fazem parte desse padrão “homem-branco-hétero”, por exemplo.

Os #GruposDeAfinidades existentes no Facebook, seus líderes e suas reuniões e eventos foram os ambientes e momentos onde mais me senti inspirada, mas ao mesmo tempo mais desconfortável, confrontada com minhas crenças cristãs versus a forma que eu estava vivendo que não estava expressando em sua totalidade o que eu creio.

Sou muito grata aos meus mentores, amigos e companheiros de jornada que participaram de meu processo de integração à cultura do Facebook e me ajudaram a entender o porquê eu não podia falar certas coisas. Eles me inspiraram a ser uma pessoa melhor e nunca, mas nunca mesmo desistiram de mim.

Considero-me ainda #preconceituosa e #racista (e assumo isso, porque só assumindo serei capaz de mudar), pois há reações, #vieses e #julgamentos que ainda faço inconscientemente em desfavor das pessoas desprivilegiadas, ou seja, tenho que me exercitar para não os fazer. É um processo – longo e contínuo, porém, entendo que há muito também que eu posso começar a fazer imediatamente, pois há mudanças de atitudes que estão nas minhas mãos e que eu posso implementar desde já.

Então, resolvi compartilhar os #compromissos que fiz comigo mesma de #ações e #práticas que adotei de forma mais intensa há algumas semanas. Faço isso intencionalmente para demonstrar por onde começar a adotar #PráticasAnti-Racistas&Inclusivas e para que, tornando-as públicas, eu me sinta mais comprometidas em adotá-las em todas as situações.

São elas:

  1. Exercitarei a prática de falar o português (língua oficial do meu País) em minhas conversas e escritas, e não essa língua híbrida Português/Inglês que o mundo corporativo me fez ter o hábito de usar;
  2. Adotarei os meus pronomes (ela/dela) em todas as minhas apresentações, bem como na assinatura de meus e-mails corporativo e pessoal e redes sociais, com o intuito de engajar outras pessoas a fazê-lo também, deixando assim o ambiente mais inclusivo para as pessoas trans (entre outras);
  3. Traduzirei para o Português o meu cargo e área de atuação no trabalho (tanto no LinkedIn quanto internamente no trabalho), pois nenhuma pessoa que entra em contato comigo é obrigada a entender as siglas e jargões do mundo corporativo;
  4. Questionar-me-ei onde está a diversidade em toda roda de conversa, reunião, processo seletivo e decisão coletiva, dentro e fora da empresa, em que eu estiver envolvida e não me sentirei constrangida em perguntar (com amor) “onde está a diversidade aqui” a todos os envolvidos, e a propor mudanças;
  5. Colocar-me-ei mais na pele da outra pessoa“Como eu estaria me sentindo nesse ambiente ou nessa situação se eu fosse uma pessoa negra? Uma pessoa com deficiência? Uma mulher educada sob a opressão das questões de gênero? Uma pessoa que não teve os mesmos privilégios econômicos que eu tive?” E, se eu não gostar da resposta, proporei mudanças na situação e/ou projeto em que gerou essa minha reflexão.
  6. Estarei mais atenta as pessoas que estão comigo nos encontros que eu participar (ao vivo ou virtualmente), caso alguma situação desconfortável aconteça e alguém precise de uma #PessoaAliada para se posicionar de forma efetiva (durante ou após o ocorrido).
  7. Abrirei para o meu círculo de confiança, toda vez que eu me sentir excluída, desrespeitada ou desvalorizada, trazendo fatos, evidências e os sentimentos envolvidos, para diminuir a intensidade dos meus sentimentos e para dar aos meus confidentes a oportunidade de aprender também com minhas dores.
  8. Procurarei as pessoas que, porventura, me ferirem para compartilhar com elas como eu me senti em uma determinada situação, criando assim pontes, em vez de muros.
  9. Não hesitarei em pedir perdão quando eu ofender alguém ou me eximir diante de uma situação que gerou a exclusão de alguém, pois sei que esse é uma jornada de aprendizado e certamente errarei muitas vezes.
  10. Prosseguirei na busca de uma #EducaçãoInclusiva #consciente e #ativista para os meus filhos, incluído propositadamente a visão e obras de pessoas diversas (negras, gays, lésbicas, trans, mulheres, obesos, pessoas com deficiência, de religiões de raiz afro, etc) em meu cotidiano. São historiadores, pesquisadores e influenciadores que passaram a permear as minhas redes sociais. São profissionais até então distante de mim que estão hoje em dia em minha rede de contatos do LinkedIn e são autores que propositadamente comecei a ler e filmes que comecei assistir, tais como: Maite SchneiderDanielle AmeidaSuzane JardimDjamila RibeiroTornieroMajurCronicas Da SurdezAndrea SchwarzAlexandra LorasNany BilateEd René KivitzAriovaldo RamosBrene BrownPretitudesEducação Para A PazThe Female LeadViola DavisCassiano MecchiVitor Coff Del ReyA Ponte Para PretxsPastorHenriqueVieiraQuando Preto FalaVictor Di MarcoSílvio Almeida , Lilia SchwarczEdith Modesto e tantos outros!!
  11. Trabalharei incansavelmente junto à escola dos meus filhos, para que adotem uma #PedagogiaInclusiva que desenvolva um olhar inclusivo nas crianças, através de práticas, políticas, atividades que as façam valorizar e respeitar as diferenças entre as pessoas. Não cansarei até que a escola entenda a importância e criem a disciplina #Diversidade&Inclusão, e que obedeça a Lei 10.639/2003 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação incluindo no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”. Para que continuem a contratar, intencionalmente, professores, coordenadores e líderes escolares fora do perfil padrão que geralmente vemos nas escolas e que, normalmente, não inclui os negros (em especial os retintos), nem como pessoas com deficiências, LGBTQIA+, obesas, etc.
  12. #NãoMeCalarei diante uma fala #homofóbica, #racista, #misógina e #preconceituosa. Não hesitarei em compartilhar o porquê que uma palavra deveria ser substituída, o porquê tal atitude não é legal, o porquê tal piada não é mais aceitável. Sei que muitos não compreenderão, me julgarão como a fiscal “do politicamente correto”, e talvez até seja expulsa de alguns grupinhos de WhatsApp, mas não recuarei, pois sei da importância do que estou fazendo e esse é o meu compromisso, comigo, com minha família e com meus irmãos que são alvos desse maligno racismo e preconceito recreativo. Sei da importância de eu não me calar e não me calarei.
  13. Enquanto for necessário o uso de máscara fácial, usarei qualquer modelo inclusivo, ou seja, que deixe minha boca visível, pois desta forma, pessoas que precisam fazer leitura labial para entender o que eu falo se sentirão incluídas em minha comunicação. Neste sentido eu tenho um grande sonho: Que todas as TVs adotem esse modelo de máscara em suas transmissões externas, para devolver as pessoas que fazem leitura labial, o acesso à informação, da forma que elas tinham antes da pandemia.
  14. Toda vez que vir uma #AbordagemPolicial contra negros, comprometo-me a estar a postos para testemunhar, filmar e agir se necessário for. Certamente sentirei medo, mas eu sei que a chance de algo ilegal e injusto acontecer ali sem a minha presença é (infelizmente) muito grande então, não recuarei, certa de que #DeusEstáComigo.
  15. Ouvirei mais #raps, ritmo que não ouvia até pouco tempo atrás e que aprendi a apreciar, pois entendi que há muitas verdades e realidades em suas letras que eu jamais experimentei, principalmente, por ter nascido branca e por nunca ter morado na periferia de uma cidade. #Emicida, #RicoDalasam, #Kivitz e tantos outros que aprendi a apreciar e a aprender com eles (tenho conhecido artistas incríveis através de meus amigos!).
  16. Comprometo-me a aprender cada vez mais sobre #Branquitude e sobre todos os privilégios que minha cor de pele me concedeu. E, a por meus privilégios à serviço dos que não são ouvidos, dando espaço aos que não são considerados, oportunidade aos que são invisíveis, voz aos que são calados.
  17. Comprometo-me a analisar em detalhe, as Propostas De Governo das pessoas que se candidatarem a cargos públicos eletivos, documento obrigatório que é divulgado durante a eleição e que geralmente poucas pessoas dão atenção (inclusive eu, até a última eleição). Nunca fiz isso, mas a partir dessa próxima eleição, usarei meu voto com mais responsabilidade e, de fato, lerei os planos de governo e avaliarei qual desses planos trazem em si projetos antirracistas, de desenvolvimento, de educação, capacitação e empregabilidade voltados à comunidade negra e de periferia de nossas cidades, estados e país. Votarei com consciência e pensando no que faz mais sentido e no que eu entendo que ajudará a reduzir a desigualdade entre as raças, gêneros e social em nosso país.
  18. Sou #CristãProtestante e, como tal, em toda e qualquer situação, em especial naquelas que os dogmas da religião me dizem para ir para um lado que minha mente diz “não vá”, não hesitarei em me perguntar: “Como Jesus agiria nessa situação? O que Ele faria com essa pessoa? Como Ele trataria essa pessoa?”. Eu sei que eu saberei a resposta, pois a resposta está no #Evangelho de Jesus Cristo e é o Evangelho que me guia e não os dogmas e práticas religiosas da minha denominação cristã.
  19. Não recuarei.

Bem é “só” isso. Perdoar-me por quem fui, buscar incessantemente a partir de agora ser uma pessoa cada vez mais letrada nas questões raciais e de diversidade, agir com intencionalidade a favor das minorias, não me calar, educar meus filhos de forma inclusiva, consciente e ativista tornaram-se meus propósitos de vida, minha missão, meu investimento financeiro e pauta constante de minhas orações.

Esses são meus compromissos, propositadamente em português (porque isso também é inclusão).

Obrigada #RenatoCamargo, por ter me desafiado sobre o tema. Você me inspira. O link para o post original dele está aqui.

 Eu aceitei o convite do Renato Camargo. E você? Vamos juntos?

Mirele de Araújo Santos

Mulher, filha, mãe, cristã, Advogada, Secretária Executiva, Profissional de RH, Aprendiz de Diversidade, Anti-racista, Aliada e Curiosa

(Pronomes: Ela/dela)

Texto escrito em 28/jul/2020, no linkedin. Original no link abaixo:

https://www.linkedin.com/pulse/meu-testemunho-e-compromissos-anti-racistas-de-%25C3%25A0-mirele-de-araujo/?trackingId=b702AgzrSmqnPjsweBxChg%3D%3D

 

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